sábado, 2 de outubro de 2010

Alexander Berkman – Algumas Remniscências de Kropotkin

ALGUMAS REMNISCÊNCIAS DE KROPOTKIN

ALEXANDER BERKMAN

Era por volta de 1890, quando o movimento anarquista na América estava ainda na infância. Até então contávamos com apenas meia-dúzia de jovens, homens e mulheres que ardiam de entusiasmos por um sublime ideal, e disseminavam apaixonadamente a boa nova entre a população de New York Ghetto. Realizávamos nossos encontros num obscuro salão na Orchard Street, mas considerávamos nossos esforços altamente bem-sucedidos. A cada semana um grande número comparecia às reuniões, manifestando um profundo interesse pelos ensinamentos revolucionários, e questões vitais eram discutidas noite adentro com profunda convicção e visão juvenil. Para muitos de nós, parecia que o capitalismo tinha quase alcançado os limites de suas demoníacas possibilidades, e a Revolução Social não estaria muito distante. Mas havia muitas questões difíceis e problemas intricados envolvidos no crescimento do movimento, os quais nós não conseguíamos resolver satisfatoriamente. Desejávamos que nosso grande professor Kropotkin estivesse entre nós, nem que por uma breve visita, para esclarecer alguns pontos complexos tirarmos assim proveito de sua inspiração e apoio intelectual. E então, que estímulo sua presença traria para o movimento!

Decidimos reduzir nosso custo de vida ao mínimo, devotando todos os ganhos para custear as despesas envolvidas em convidar Kropotkin a uma viagem pela América. O assunto foi discutido entusiasticamente nas reuniões do grupo, pelos mais ativos e devotados de nossos camaradas; todos eram unânimes no grande plano. Uma longa carta foi enviada ao nosso professor, inquirindo-o a vir para um circuito de conferências pela América e enfatizando a necessidade de sua presença.

Sua resposta negativa deu-nos um choque: estávamos tão certos de sua aceitação, tão convencidos da necessidade de sua vinda. Mas a admiração que sentíamos por ele só aumentou quando escutamos os motivos da recusa. Ele gostaria muito de poder vir – escreveu Kropotkin – e apreciava profundamente o espírito de nosso convite. Esperava visitar os Estados Unidos algum dia no futuro, e teria grande prazer em estar junto à camaradas tão bons. Mas naquele momento não podia custear a vinda por conta própria, e não usaria dinheiro do movimento para tal propósito.

Eu ponderei sobre suas palavras. Seu ponto de vista era justo, eu pensava, mas aplicava-se só às circunstâncias ordinárias. Seu caso, no entanto, eu considerava excepcional, e lamentava profundamente sua decisão de não vir. Mas seus motivos simbolizavam para mim o homem e a grandeza de sua natureza. Eu imaginava-o como o ideal de revolucionário e Anarquista.

Anos depois, enquanto estava na Western Penitentiary of Pensylvania, a esperança de ver nosso Velho e Grande Kropotkin, por um momento iluminou as trevas de minha cela. Amigos me notificaram que Peter havia chegado aos Estados Unidos pelo Canadá, onde havia participado de certo congresso de cientistas. Fui informado que Peter pretendia visitar-me, e passei a contar os dias e as horas aguardando sua tão esperada visita. Mas, ai!, a sorte estava contra o meu encontro com meu camarada e professor. Antes de ser chamado para ver meu querido visitante, mandaram-me ao gabinete do Guarda*. Ele segurava em suas mãos uma carta, na qual reconheci a pequena e nítida escrita de Peter. Sobre o envelope, após o meu nome, Kropotkin havia escrito “Prisioneiro Político”.

O Guarda entrou em fúria. “Não há prisioneiros políticos em nosso país livre!”, ele rugiu. E de repente rasgou o envelope em pedaços. Eu me enfureci com essa profanação. E então se seguiu um caloroso argumento sobre a liberdade americana, no decurso do qual eu chamei o Guarda de mentiroso. Ele considerou aquilo lesa majestade e me exigiu que lhe pedisse desculpas. Me recusei. O resultado foi que ao invés de encontrar Peter, fui sentenciado a 7 dias de solitária, numa cela de 2 por quatro pés, absolutamente escura, 15 pés abaixo da terra, e com uma pequena fatia de pão como ração diária.

Isso foi por volta do ano de 1895. Nos anos seguintes, Peter Kropotkin visitou a América repetidas vezes, mas nunca tive a oportunidade de vê-lo, sobretudo porque cumpria uma pena, em que por dez anos fui privado de visitas e não me era permitido ver quem quer que seja. Um quarto de século teve de se passar antes que eu pudesse tomar as mãos de minha companheira entre as minhas. Foi na Rússia, em março de 1920 que encontrei Kropotkin pela primeira vez. Ele vivia em Dmitrov, uma cidadezinha a 60 verats de Moscou. Eu me encontrava então em Petrogrado (Leningrado), e as condições da ferrovia eram tais que viajar do Norte à Dmitrov estava fora de questão. Depois, tive a chance de ir a Moscou, onde fiquei sabendo que o Governo havia feito certos arranjos para permitir que o editor do London Daily Herald, George Lansbury e um de seus colaboradores, visitassem Kropotkin em Dmitrov. Eu juntamente com os camaradas Emma Goldman e A. Schapiro, tiramos vantagem dessa oportunidade.

O encontro com “celebridades” é geralmente desapontador: raramente a realidade bate com a figura de nossa imaginação. Mas no caso de Kropotkin não foi assim; ambos fisicamente e espiritualmente ele correspondia quase exatamente ao retrato mental que tinha feito dele. Aparentava notoriedade como sua fotografia, olhos amáveis, com seu doce sorriso e barba farta. Cada vez que Kropotkin entrava na sala, parecia iluminá-la com sua presença. A marca de idealista era tão impressionante nele que a espiritualidade de sua personalidade podia quase ser sentida. Mas eu ficava chocado com a visão de seu definhamento e debilitamento.

Kropotkin recebia merenda acadêmica, que era consideravelmente melhor do que a ração destinada aos cidadãos comuns. Mas estava longe do suficiente para manter-se vivo e era uma batalha afugentar o lobo [da fome] porta afora. Questões de gasolina e iluminação eram também matéria de constante agitação. Os invernos eram severos e a madeira muito escassa; querosene difícil de procurar, e se considerava luxúria queimar mais de uma lamparina por casa. Esta falta era particularmente sentida por Kropotkin; e interferiu enormemente em seu labor literário.

A família de Kropotkin por diversas vezes foi desalojada de sua casa em Moscou, pois suas dependências eram requisitadas [sic] aos propósitos do governo. Então se decidiram mudar para Dmitrov. Ficava só a meia centena de verats da capital, mas bem que poderia ficar a mil milhas de distância, tamanho isolamento em que se encontrava Kropotkin. Seus amigos raramente podiam visitá-lo; notícias do mundo Ocidental, trabalhos científicos, ou publicações estrangeiras eram inalcançáveis. Naturalmente, Kropotkin sentia profundamente a falta de companhia intelectual e relaxamento mental.

Eu estava ansioso para aprender com suas visões em torno da situação da Rússia, mas logo compreendi que Peter não se sentia livre para expressar-se na presença dos visitantes ingleses. A conversação, portanto, era de caráter geral. Mas uma de suas observações foi muito significativa e me deu a chave de sua atitude. “Eles mostraram”, disse ele referindo-se aos Bolcheviques, “como a Revolução não deve ser feita”. Eu sabia, naturalmente, que como Anarquista, Kropotkin não aceitaria nenhuma posição de Governo, mas queria aprender o porque dele não participar da reconstrução econômica da Rússia. Embora fisicamente velho e fraco, seus conselhos e sugestões seriam muito válidos para a Revolução, e sua influência seria de grande vantagem e encorajamento para o movimento Anarquista. Acima de tudo, eu tinha interesse em ouvir suas idéias positivas sobre a conduta da Revolução. O que até então tinha ouvido da oposição revolucionária, em sua maioria, eram críticas, carecendo da útil construtividade.

A manhã se passou numa conversa desconexa sobre as atividades no front, o crime do bloco aliado recusando remédios aos doentes, e a disseminação de doenças resultando das condições insalubres e da escassez de alimentos. Kropotkin parecia cansado, aparentemente exausto pela mera presença dos visitantes. Estava velho e fraco; e eu temia que, sob tais condições, não vivesse por muito tempo. Estava evidentemente subnutrido, embora tenha dito que os Anarquistas da Ucrânia tentavam facilitar sua vida, suprindo-o com farinha e outros produtos. Quando Makhno ainda era amigável com os Bolcheviques, também se habilitou a enviar provisões. Para não cansar muito Peter, deixamo-lo mais cedo.

Alguns meses depois, tive outra oportunidade de visitar nosso velho camarada. Era verão e Peter parecia ter revivido com a ressurreição da Natureza. Parecia mais jovem, com boa saúde e cheio do espírito de juventude. Sem a presença dos estrangeiros, como o visitante inglês jornalista, ele sentia-se em casa, e conversávamos livremente sobre as condições russas, e sobre suas atitudes e perspectivas para o futuro. Era o genial e Velho Peter novamente, com um fino senso de humor, afiadas observações e a mais generosa humanidade. Em primeiro momento ele repreendeu-me por minha postura contra a Guerra, mas mudou rapidamente de assunto para canais menos perigosos. A Rússia era o principal ponto de nossa discussão. As condições eram terríveis, como todos concordavam, e a Ditadura era o maior dos crimes Bolcheviques. Mas não havia razão para perder a fé, me assegurava ele. A Revolução e as massas são maiores que qualquer Partido político e suas maquinações. Este último pode triunfar temporariamente, mas o coração das massas russas era incorruptível e chegaria por si mesmo ao claro entendimento do mal da Ditadura e da tirania Bolchevique. A atual vida russa, dizia ele, é uma condição artificial forçada pela classe governante. O governo de um pequeno Partido político assentado em falsas teorias, métodos violentos, erros medonhos e ineficiência generalizada. Estavam suprimindo a própria expressão da vontade e da iniciativa do povo que, sozinhas, poderiam reconstruir a arruinada vida econômica do país. A atitude estúpida dos Poderes Aliados, o bloqueio e os ataques à Revolução pelos intervencionistas, estavam ajudando a reforçar o poder do regime Comunista. Mas as coisas mudariam quando as massas despertassem para a compreensão de que ninguém, nenhum Partido político ou grupelho governamental deveria ter a permissão de, no futuro, monopolizar a Revolução, controlá-la, ou dirigi-la, pois tal intento inevitavelmente resultaria na morte da própria revolução.

Discutimos várias outras fases da Revolução naquela ocasião. Kropotkin enfatizou particularmente o lado construtivo das revoluções, e especialmente que a organização da vida econômica deveria ser tratada como a primeira e maior necessidade de uma revolução, como fundamento de sua existência e de seu desenvolvimento. Este pensamento, ele quis imprimir mais forçosamente nos próprios camaradas, para servir de guia nas grandes lutas vindouras do proletariado internacional.

Minhas visitas ao nosso querido Peter foram um prazer, intelectual e espiritualmente. Eu estava deixando a Ucrânia para uma longa viagem em prol do Museu da Revolução de Petrogrado, mas ainda esperava por muitas outras visitas ao nosso velho e bravo professor de cérebro e coração tão maravilhosos. Não era para ser. Morreu alguns meses depois, a 8 de fevereiro de 1921. Só pude alcançar seu leito a tempo de dizer ao morto meu último adeus. Um grande Homem, um grande Anarquista tinha partido.

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Nota do Editor *) O Guarda é o governante da prisão e seu ditador absoluto.

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This manuscript is part of the International Institute of Social History’s Alexander Berkman Archive and appears in Anarchy Archives with IISH’s permission.

LITERATURA ANARQUISTA
Tradução: José Paulo M. Souza
jxpxster@gmail.com

domingo, 12 de setembro de 2010

NÉSTOR MAKHNO

Um Camponês na Ucrânia

Hélène Chatelain, a diretora do documentario "Néstor Makhno, um camponês da Ucrania" , narra a história do movimiento revolucionário makhnovista e recolhe os testemunhos de historiadores e de familiares dos protagonistas que depois de haver sido silenciados durante os anos do Estatismo comunista recobram a palavra e recordam o que a burocracia quis silenciar.


domingo, 15 de agosto de 2010

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Frente de Luta Contra o Aumento da Tarifa


Em uma reunião realizada na quarta-feira 30/06 grupos organizados pela internet formaram a F.U.L.C.A. - Frente de Luta Contra o Aumento da Tarifa e deliberaram organizar uma manifestação no centro da cidade como segue o informe:

MÃOS AO ALTO, A TARIFA É UM ASSALTO!

Nessa última segunda-feira Presidente Prudente-SP, uma cidade média de 200.000 habitantes, passa pagar R$ pelo transporte público...

VOCÊ CONCORDA COM ISSO?
ENTÃO JUNTE-SE A NÓS!!!!!

PROTESTO QUINTA-FEIRA, CONCENTRAÇÃO NA PRAÇA DA CATEDRAL DE SÃO SEBASTIÃO

Levem cornetas, vuvuzelas, buzinas, mega-fones e coisas que façam barulho.
Vamos tentar pegar um carro de som! A sua presença é importante para nós,chame seus amigos, vizinhos, parentes, etc..

"O governo deve temer o povo e não o povo temer um governo."
"Ser Jovem e não ser Revolucionário é uma contradição genética!"

quarta-feira, 2 de junho de 2010


ANARQUISTAS CONTRA O MURO



Quem Somos


Anarquistas Contra o Muro (AATW) é um grupo de acção directa que foi criado em 2003 em resposta à construção do muro de Israel está construindo no território palestino em territórios ocupados da Cisjordânia. O grupo trabalha em cooperação com os palestinos em um esforço conjunto popular contra a ocupação.

Desde a sua formação, o grupo tem participado em centenas de manifestações e ações diretas contra a parede, especificamente, e da ocupação em geral, toda a Cisjordânia. Todo o trabalho AATW na Palestina é coordenada através aldeias locais "comitês populares e é essencialmente palestino liderado.

Por que nós resistimos

É dever dos cidadãos de Israel para resistir às políticas imorais e ações realizadas em nosso nome. Acreditamos que é possível fazer mais do que demonstrar dentro de Israel ou participar em acções de ajuda humanitária. apartheid israelense e ocupação não vai acabar por si só - ele vai acabar quando ele se torna ingovernável e incontrolável. É tempo de se opor à bulldozers fisicamente, o exército ea ocupação.

Uma Breve História

Em abril de 2003, três anos na Segunda Intifada, um pequeno grupo de ativistas israelenses principalmente anarquistas, já está fazendo trabalho político em vários territórios ocupados formado Anarquistas Contra o Muro. O grupo foi criado em torno da formação de uma barraca de protesto no povoado de Mas'ha, onde a parede estava se aproximando e deixaria 96% das terras da aldeia no lado "israelense.

O acampamento, formado por palestinos, israelenses e ativistas internacionais foi composto de duas tendas na vila de terra que estava prevista para o confisco. A presença constante de palestinos, israelenses e internacionais permaneceu por quatro meses. Durante o qual, o campo se tornou um centro de divulgação de informações e uma base para a democracia direta, tomada de decisão. Um número de parede relacionados com acções directas foram planejadas e preparadas no campo - como a julho 28, 2003 acção directa na vila de Anin. Na ação que os palestinos, israelenses e ativistas internacionais conseguiram forçar a abertura de um portão no muro, apesar de serem atacados pelo exército ( Ver artigo Haaretz ).

Mais tarde, em agosto de 2003, com a parede em torno Mas'ha quase concluída, o acampamento mudou-se para o quintal de uma casa em que estava marcada para demolição. Após dois dias de bloquear as escavadoras e prisões em massa, o estaleiro foi demolida eo acampamento acabou, mas o espírito de resistência que ele simbolizava não foi demolido.

Em 2004, a vila de Budrus começou sua luta contra a parede e se juntou a AATW suas manifestações diárias. Através de sua persistência na mobilização da comunidade, luta e resistência popular, a cidade de Budrus foi capaz de alcançar vitórias significativas.

Sem apelar para os tribunais israelenses, utilizando apenas a resistência popular, a cidade conseguiu empurrar para o caminho da parede quase completamente fora da sua terra.

Budrus sucesso ', inspirado muitas outras aldeias para construir uma resistência popular, o que talvez seja um sucesso ainda maior. Para uma boa parte do ano, quase todas as localidades em que a construção do muro atingido se levantaram contra ele. AATW se juntou a todas as aldeias que chamou para a sua participação.

Mais recentemente, as nossas acções têm-se centrado em torno da aldeia de Bil'in, a noroeste de Ramallah, onde a maioria dos terrenos agrícolas da aldeia está a ser efectivamente apreendidos pela parede e um assentamento em expansão.

O nosso papel na luta

A mera presença de israelitas na Palestina ações civis oferece algum grau de protecção contra a violência do exército.

O Exército israelense código de conduta é significativamente diferente quando os israelenses ea violência estão presentes, embora ainda grave, é significativamente menor. Apesar de muitos ativistas israelenses foram feridos nas manifestações, algumas delas com gravidade, é o que os palestinos pagaram o maior preço. Até à data, 18 manifestantes palestinos foram mortos em manifestações contra o muro e milhares foram feridos.

O exército eo governo israelense tenta pôr fim à resistência popular palestina utilizando todas as formas de repressão, e para evitar os ativistas israelenses de se juntar nesta luta. Sob a lei da ocupação é possível indiciar pessoas para simplesmente participar de uma demonstração. No decorrer dos últimos anos, vários ativistas AATW foram presos centenas de vezes e dezenas de denúncias foram apresentadas contra eles.

A repressão legal pelas autoridades israelenses é apenas uma outra frente para as autoridades israelenses para tentar reprimir a resistência.

A fim de manter os ativistas fora da cadeia e continuar a luta, AATW está agora confrontada com a montagem de protecção jurídica para sua defesa no tribunal israelense. O custo para a representação legal ultrapassou E.U. $ 60.000 e está em constante crescimento.

Financiamento

AATW não receber financiamento de qualquer estado, governo ou associação. Contamos com doações de pessoas em todo o mundo que gostariam de ver-nos continuar a apoiar a luta dos palestinos para a liberdade.

Pelas razões acima mencionadas e para o funcionamento das extensões, tais como transporte, contas de telefone, primeiros socorros e cartaz AATW está buscando apoio financeiro.

Para doar, por favor clique no link Doações acima à direita ou ir para a nossa página de doações

Este site não contém e não deve ser entendida como uma linha oficial do partido ou de um manifesto. O grupo tem dedicado todos os seus esforços para atividades no chão, e deixou propaganda e do desenho das linhas do partido para os outros.

domingo, 2 de maio de 2010

1º DE MAIO LIBERTÁRIO 2010


1º de Maio na Alemanha: Anarquista e Anticapitalista

Policiais reprimem com violência manifestantes durante os protestos de 1º de Maio em Berlim

quinta-feira, 22 de abril de 2010

A Organização Específica

A organização específica dos anarquistas é uma instância própria, como está implícita na designação, com peculiaridades que definem princípios básicos, cuja prática depende de sua existência.

O projeto revolucionário preconizando o socialismo libertário exige uma organização onde se definam estratégias para todas as instâncias e alternativas afins, ao mesmo tempo que suas práticas sejam um exercício antecipado do projeto. Assim, liberdade, responsabilidade, ética, federalismo, solidariedade, autogestão etc. não devem ser apenas conceitos de um discurso teórico, mas o que defina a prática e o comportamento dos anarquistas na organização. Assim como os indivíduos são a unidade celular da organização, os grupos e coletivos são seus núcleos básicos.

Os grupos de afinidade são constituídos por militantes cujo o relacionamento fundado em interesses peculiares é tanto mais intenso na medida em que é alimentado por idéias e práticas revolucionárias. Cada grupo tem um número limitado de participantes que garante maior grau de intimidade entre seus membros. São autônomos, onde seus integrantes podem reestruturar-se tanto individual quanto socialmente. Funcionam como catalisadores do movimento proporcionando iniciativa e conscientização. A união ou separação de cada grupo é determinado pelas circunstâncias e interesses próprios, e não por qualquer decisão centralizada. As adesões ou saídas são feitas espontânea e livremente, sem pressão de qualquer natureza. Durante os períodos de repressão os grupos de afinidade são muito resistentes. Devido ao alto grau de coesão que existe entre os participantes se torna difícil penetrar no grupo, e mesmo sob as condições mais difíceis os grupos de afinidade conseguem manter contatos. Nada impede que os grupos trabalhem juntos em qualquer nível que se fizer necessário. Podem unir-se com grupos locais, regionais ou nacionais, de forma permanente ou eventual para a formulação de planos comuns. Cada grupo procura reunir os recursos necessários para funcionar com o máximo de autonomia.

A união de interesses com objetivos comuns, sem quebra da autonomia é a característica básica do federalismo. Assim as uniões locais se organizam em regionais e estas em nacionais até a confederação internacional. Tudo o que diz respeito exclusivamente a cada instância é resolvido, desde o indivíduo até a federação, em foro próprio, de forma livre e autônoma. Só quando o interesse abrange objetivos comuns, seja de grupo a grupo, seja até de um país para outro, então surge o acordo e o COMPROMISSO e aqui convém dizer alguma coisa a respeito da liberdade e da responsabilidade.

O que é liberdade? Tema de grandes controvérsias através da história. Há livre-arbítrio ou determinismo? Praticamos nossos atos por escolha ou não? Somos apenas dirigidos pelos nossos impulsos interiores aos quais não controlamos? Acontece que o homem é um animal racional: verdade que todos aceitam. Ser racional é ser capaz de escolher, capaz de preferir, de pesar, de comparar esta ou aquela solução, de captar as possibilidades das possibilidades. O homem pode prever as conseqüências de seus atos. Pode imaginar que se proceder assim, poderá suceder isto ou aquilo. Tal ato poderá levar a tais ou quais conseqüências. E porque pode julgar, comparar, pode medir, pode escolher. Se o homem fosse apenas um autômato não teria noção de futuro. Ao ter noção do futuro demonstra independência, capacidade de escolher no suceder que sobrevém. É por isso que o homem é um ser autônomo e conhece a liberdade. Quando temos um impulso para um ato determinado e refletimos sobre as conseqüências, ao pensarmos se nos revela uma série do possibilidades que vamos analisando racionalmente. Reprimimos o impulso, vencemos o desejo e resolvemos não fazer o que desejávamos. Negar esse fato prático que verificamos em nossas vida seria negar praticamente todo o poder da educação. Nossos maiores obstáculos contra os quais temos que lutar são justamente a pregação e a crença de que só podemos resolver os magnos problemas econômicos e sociais a custa da liberdade. Mas a liberdade é muito mais. E é através da conquista da própria liberdade que podemos garantir a solução que buscamos para esses problemas. O caminho da liberdade é o da prática da própria liberdade. É com a prática da liberdade que formamos homens livres.

A responsabilidade é a obrigação de responder pelos próprios atos ou de alguém ou de algo que nos foi confiado. Ninguém pode ser responsável se não for livre. A responsabilidade tem dois aspectos: individual e coletivo. A responsabilidade individual obriga a pessoa a responder apenas pelos próprios atos ou por algo confiado à própria. A responsabilidade coletiva obriga não só pelos próprios atos, mas também pelos atos alheios, quando se trata de atos, deliberados, aceitos e decididos livremente por um grupo de indivíduos associados para realizar uma tarefa comum. Cada um e todos, neste caso, são responsáveis individual e coletivamente e sua liberdade é determinada pelo duplo caráter da responsabilidade. A responsabilidade individual, e obrigação de responder pelos próprios atos ou de coisas que lhe forem confiadas não pode ser eludida por nenhum outro indivíduo que esteja na posse normal de suas faculdades mentais. Há três tipos de anarquistas: a) os individualistas adversários de toda forma de associação; b) os individualistas partidários da associação livre e momentânea, mas contra a organização; c) os partidários da organização metódica e permanente. Defensores que somos da última posição, não falaremos das duas primeiras. A concepção de responsabilidade individual, dentro da organização, parte da coexistência do indivíduo e da sociedade como uma necessidade básica, cuja a realidade é anterior a sua própria existência. Parte do princípio da solidariedade preconizada para uma sociedade anarquista e se estende à toda uma categoria de seres humanos que compartilham suas concepções e lutam pelo mesmo fim. Ligados por uma concordância de interesses, são responsáveis por todos os atos de sua vida que tenham um caráter social, cujas conseqüências, boas ou más, podem influir sobre as condições de existência, de segurança, e de bem estar de seus semelhantes. Atos que prejudiquem companheiros devem ser evitados. Os exemplos são infindáveis e se multiplicam quando a luta se intensifica, como nos casos de greve, quando a responsabilidade coletiva se sedimenta na responsabilidade individual e é fundamental.

A responsabilidade coletiva, é própria da organização anarquista. Está implícita na aplicação dos princípios federalistas. Ela ascendente e descendente. Obriga o indivíduo a responder por seus atos ante o coletivo e este enquanto tal responde ao indivíduo. Não há oposição entre a responsabilidade coletiva e individual. Ambas se completam e se ampliam sob o ponto de vista social. Quando um grupo ou coletivo toma uma decisão que emana da prática dos princípios, aprovando uma ação a desenvolver, nenhum de seus membros pode dissociar-se, omitir-se ou agir de maneira a prejudicar a consecução do objetivo colimado. Todos são co-responsáveis. A responsabilidade é coletiva, social. A decisão foi coletiva, a prática é coletiva, a responsabilidade é coletiva. A resolução foi tomada de forma soberana e livre por todos. A liberdade não é ausência de restrições. É opção, é a aceitação livre de obrigações sociais. Na organização, compromisso e responsabilidade se identificam. O não cumprimento da obrigação, do compromisso, pode denotar irresponsabilidade, imaturidade, fraqueza e outros aspectos que nos remetem para a ética.

Todos os nossos atos são passíveis de juízos de valor e de conotações éticas. Tudo o que foi exposto até aqui tem implicações éticas. Há vastíssimos estudos sobre a ética, desde a transcendente (religiosa) até a ultra-racionalista, amoral, que pretende justificar posições totalitárias, racistas, de casta, de Estado etc. A que nos interessa é a ética imanente, que fundamenta as doutrinas libertárias, estudada e defendida por Proudhon, e desenvolvida por Kropotkin, com bases sólidas, que aceitam uma ordem natural entre os homens, fundada nas tensões que formam e procuram conservar-se, porque na realidade toda ética está fundada nelas e nos interesses por elas criados. Portanto, se a sociedade for organizada sob bases simples e naturais, formará naturalmente sua ética, não como uma necessidade apenas, mas porque o homem sabe descobrir o que lhe convém para ordenar as suas relações, porque sabe escolher. Por isso os homens, quando se reúnem para um fim comum, sabem deduzir de sua organização as regras e princípios justos (ajustados) que permitam conquistar, da melhor forma, o fim a que visam, como tem se verificado ao longo da história na constante da polarização entre liberdade e autoritarismo, e em todos os movimentos que buscam a superação social. Dessa forma, a organização anarquista desenvolve sua própria ética, fundada num dever ser próprio, que como todo ato ético é frustrável. O ato anti-ético para o anarquista é tudo que ofende a normal da organização. E o vigor, o desenvolvimento, as grandes possibilidades do projeto anarquista dependem fundamentalmente da coerência de sua ética.

Jaime Cuberos (Setembro de 1990)

segunda-feira, 29 de março de 2010

MÊS DA MULHER TRABALHADORA

"Que poetas subam com seus instrumentos para cantar a beleza, espreitando as rosadas nuvens: é talvez sua missão. Porém, nós, pensadores, temos que descer até o povo rude da alta ou da baixa sociedade, pois todos são iguais... para fazê-los dar um passo mais em sua elevação espiritual."

-Maria Lacerda de Moura




"A mulher tem sido sempre enganada miserávelmente.(...)
Rica ou pobre, culta ou ignorante, por toda parte a vida
da mulher é o mesmo calvário silencioso e anônimo que os
homens não compreendem por que o egoísmo masculino foi
cultivado pela escravidão feminina".

-Maria Lacerda de Moura

No mês da mulher trabalhadora a Liga das Mulheres realiza um chamado a todas as ativistas para atividades em defesa dos Direitos e Memória Histórica da mulher proletária.